...e maiiiiiii nada!


1 comentário:

  1. Dói-me quem sou. E em meio da emoção

    Dói-me quem sou. E em meio da emoção
    Ergue a fronte de torre um pensamento
    É como se na imensa solidão
    De uma alma a sós consigo, o coração
    Tivesse cérebro e conhecimento.

    Numa amargura artificial consisto,
    Fiel a qualquer idéia que não sei,
    Como um fingido cortesão me visto
    Dos trajes majestosos em que existo
    Para a presença artificial do rei.

    Sim tudo é sonhar quanto sou e quero.
    Tudo das mãos caídas se deixou.
    Braços dispersos, desolado espero.
    Mendigo pelo fim do desespero,
    Que quis pedir esmola e não ousou.

    Fernando Pessoa

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